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sábado, 17 de setembro de 2011

Trecho 'Os desastres de Sofia'

"Eu era a escura ignorância com suas fomes e risos, com as pequenas mortes alimentando a minha vida inevitável - que podia eu fazer? eu já sabia que eu era inevitável. Mas se eu não prestava, eu fora tudo o que aquele homem tivera naquele momento. Pelo menos uma vez ele teria que amar, e sem ser a ninguém - através de alguém. E só eu estivera ali. Se bem que esta fosse a sua única vantagem: tendo apenas a mim, e obrigado a iniciar-se amando o ruim, ele começara pelo que poucos chegavam a alcançar. Seria fácil demais querer o limpo; o inalcançável pelo amor era o feio, amar o impuro era a nossa mais profunda nostalgia. Através de mim, a difícil de se amar, ele recebera, com grande caridade por si mesmo, aquilo de que somos feitos. Entendia eu tudo isso? Não. E não sei o que na hora entendi. Mas assim como por um instante no professor eu vira com aterrorizado fascínio o mundo - e mesmo agora ainda não sei o que vi - assim eu nos entendi, e nunca saberei o que entendi ..."


C. Lispector

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Morrer repetidas vezes é necessário...
E tantas vezes é sem amor que se começa...

Beijo, e em quem penso? (F. Pessoa)



Meu frio, minha dor que nunca passa



agulhas passeando pelo meu corpo



consegui suportar o mundo por você,



Amei as coisas



Jamais as coisas voltaram a ser belas



tarde demais, as coisas mudaram



morrer se tornou banal...






Mas preciso que me espere



Antes do fim, conseguirei morrer por você...